Tradicional na região Sul do Brasil, o chimarrão é uma bebida que atravessa gerações e culturas, sendo símbolo de hospitalidade, convívio social e identidade regional. Feito com erva-mate moída e água quente, o chimarrão não é apenas um hábito cultural: ele carrega em sua composição uma série de compostos bioativos com efeitos importantes para a saúde. No entanto, como qualquer outro alimento funcional, seu consumo deve ser feito com moderação e atenção a alguns cuidados.
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Pesquisas científicas e relatos tradicionais vêm apontando que o chimarrão pode ter ação antioxidante, diurética e até auxiliar no sistema digestivo. Por outro lado, o consumo em temperaturas muito elevadas ou em excesso pode trazer riscos, como o aumento de probabilidade de desenvolver câncer de esôfago. A seguir, exploramos em detalhes os principais benefícios, os nutrientes presentes e as possíveis contraindicações dessa bebida brasileira tão icônica.
Os principais benefícios do chimarrão

Ação antioxidante poderosa
A erva-mate, base do chimarrão, é rica em polifenóis, saponinas e outros antioxidantes naturais que ajudam a combater os radicais livres no organismo. Esses compostos estão diretamente ligados à prevenção do envelhecimento precoce e de doenças crônicas como o câncer, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.
Estímulo à concentração e desempenho
Graças à presença de cafeína, o chimarrão age como um estimulante natural do sistema nervoso central. Isso contribui para o aumento da energia, melhora no foco, na atenção e até no desempenho físico durante atividades de maior exigência, como exercícios ou longas jornadas de trabalho.
Auxílio digestivo
Estudos indicam que a erva-mate pode estimular a produção de bile, ajudando no processo de digestão, especialmente de gorduras. Além disso, o chimarrão contribui para o bom funcionamento intestinal e pode aliviar sintomas de má digestão, como sensação de estufamento.
Efeito diurético leve
A bebida favorece a eliminação de líquidos pelo organismo, o que ajuda a reduzir inchaços e pode beneficiar pessoas que enfrentam retenção hídrica. Esse efeito, no entanto, também exige cuidado para evitar a desidratação, especialmente em dias quentes ou quando há grande consumo.
Fonte de nutrientes importantes
O chimarrão contém vitaminas do complexo B (como B1, B2 e B6), além de vitamina C e minerais como ferro, fósforo, potássio e manganês. Esses micronutrientes são essenciais para diversas funções no organismo, como imunidade, metabolismo energético, saúde muscular e formação de células.
Fortalecimento de laços sociais
Mais do que seus efeitos biológicos, o chimarrão também cumpre um papel simbólico. O hábito de “passar a cuia” entre amigos e familiares fortalece vínculos e promove momentos de conversa, confiança e partilha — elementos também essenciais para o bem-estar mental e emocional.
Possíveis riscos do consumo de chimarrão
Câncer de esôfago e temperaturas elevadas
Um dos riscos mais conhecidos está relacionado à ingestão de líquidos em temperaturas muito elevadas. A água utilizada no preparo do chimarrão, quando acima de 65°C, pode provocar lesões térmicas no esôfago e facilitar a formação de células anormais, aumentando o risco de câncer nessa região.
Efeitos adversos da cafeína
Embora a cafeína tenha efeitos positivos, o consumo em excesso pode provocar sintomas como insônia, ansiedade, taquicardia e aumento da pressão arterial, especialmente em pessoas mais sensíveis ou com predisposição a esses quadros.
Interação com medicamentos
A erva-mate pode interferir na absorção e eficácia de certos medicamentos, como anticoagulantes, antidepressivos e anti-hipertensivos. Quem faz uso contínuo de remédios deve consultar um médico antes de adotar o chimarrão como hábito diário.
Desconforto gastrointestinal
Em algumas pessoas, o chimarrão pode causar azia, náuseas ou irritação gástrica, especialmente em quadros de gastrite ou refluxo. O consumo exagerado também pode agravar sintomas gastrointestinais existentes.
Como consumir chimarrão de forma segura
Atenção à temperatura da água
O ideal é que a água usada no preparo não ultrapasse 60°C. Isso evita agressões térmicas ao esôfago e preserva os compostos bioativos da erva. Uma dica é observar o ponto anterior à fervura, quando começam a se formar pequenas bolhas no fundo da chaleira.
Quantidade recomendada
Não há uma quantidade exata definida para o consumo diário, mas o ideal é que o chimarrão seja ingerido com moderação. Em geral, duas a três cuias por dia são suficientes para aproveitar seus benefícios sem sobrecarregar o organismo.
Fique atento aos sinais do corpo
Se você perceber sintomas como irritabilidade, taquicardia, insônia ou desconfortos estomacais, o consumo deve ser reduzido ou suspenso. Também é importante se hidratar com água pura ao longo do dia, especialmente se estiver tomando muito chimarrão.
Equilíbrio entre tradição e saúde

O chimarrão é mais do que uma bebida: é cultura, saúde e socialização. Quando consumido com atenção à temperatura e em doses equilibradas, ele oferece uma combinação potente de antioxidantes, nutrientes e benefícios funcionais para o corpo. No entanto, como todo hábito alimentar, é necessário observar os limites do próprio organismo, respeitar restrições médicas e priorizar a qualidade de vida. Assim, o chimarrão pode continuar sendo um ritual diário saboroso e benéfico.